A série
Provocações Dialógicas
revisita os ensaios de Marcos Moura Vieira, Médico Psiquiatra e Linguísta Aplicado aos Estudos da Linguagem; que tratam da questão do sujeito e da subjetividade de uma perspectiva filosófico-linguística.
Este primeiro volume:
"Bakhtin & Freud: uma crítica ao Freudismo"
, lança as bases para a percepção da não adequação da adoção das ideias psicanalíticas aos estudos dialógicos de orientação bakhtiniana.
Marcos Moura Vieira apresenta suas reflexões a partir de um estudo detalhado e analítico de dois textos sobre o freudismo assinados, em suas primeiras edições russas por Voloschinov, em 1925 e 1927. "À margem do social: ensaio sobre o freudismo", publicado em 1925 e dois anos depois revisto e aprofundado em "O freudismo"(1927). Mesmo sendo uma das primeiras obras traduzidas para o Ocidente, era uma das menos compreendidas, sendo vista como curiosa, mas pouco importante no desenvolvimento geral das ideias do Círculo.
A teoria psicanalítica começou a ser conhecida na Rússia no início do século XX. A princípio, circulou entre médicos e psiquiatras e progressivamente passou a ser conhecida por intelectuais e cientistas. Os textos do freudismo, produzidos pelo Círculo de Bakhtin, elegem um objeto: a Psicanálise; explicitam o projeto que esse discurso traça para si mesmo; verificam as referências que ele atualiza do ponto de vista de um raciocínio teórico que as inventaria, compara, critica e esboça uma nova perspectiva. Nesse processo, firmam-se constitutivamente os modos de compreensão do homem dialógico, não psicanalítico.
Embora Bakhtin perceba a importância de Freud para a história do pensamento contemporâneo, a obra do Círculo abolirá constitutivamente do seu horizonte apreciativo o modelo freudiano de pensamento idcêntrico e o seu ideal de subjetividade. Tal postura só é possível devido a existência de outra perspectiva para o funcionamento do homem que pensa no romance e na vida: a perspectiva dialógica bakhtiniana, à frente do seu tempo e que ainda não foi incorporada pelas ciências que se dizem signatárias das "verdades" da psique humana, a Psicologia e a Psiquiatria.
O ensaio "Freud e Bakhtin: uma crítica ao freudismo", de Marcos Moura Vieira contribui para a visualização do paradigma da subjetividade constitutiva ao homem dialógico. O ensaio, reconhecido atualmente pelos estudiosos Bahktinianos, como um dos primeiros a aprofundar as reflexões contemporâneas dos estudos do Circulo sobre as ideias da psicanálise, tem sido indicado como um divisor de águas para a compreenção do papel da crítica do Freudismo como um dos pilares de sustentação da teoria da análise dialógica do discurso.